A arte-terapia é um conjunto de técnicas que permite a criação de uma ponte entre o mundo interno e o mundo externo do indivíduo. Utiliza a expressão artística para tal, centrando-se na simbologia que dela advém. A arte-terapia alia a expressão artística e a criatividade à promoção da saúde mental.
Arte-terapia: Modelo Polimórfico
Este é o principal modelo de intervenção, em Portugal, criado pelo arte-psicoterapeuta e médico, Ruy de Carvalho. Divide-se em dois tipos básicos de intervenção: A Arte-terapia e a Arte-psicoterapia.
1. Arte-terapia Vivencial
A principal característica é o comprometimento com a pintura, visto que pede uma mono-expressão. É utilizada a nível institucional em grupos abertos de expressão livre com partilha dos trabalhos. Os pacientes são livres de criar, sempre que assim o pretendam. A função do arte-terapeuta é não-directiva, de gestão de conflitos, facilitador e contentor (podendo fornecer competências técnicas). Os objectivos são de aquisição de competências sociais. A orientação das sessões é próxima das intervenções humanísticas. Os fenómenos transferenciais não são evidenciados.
Aplicações: Pacientes psicóticos crónicos ou agudos, idosos com funções motoras preservadas, crianças, perturbações de personalidade do grupo A e pacientes neuróticos com baixa capacidade de insight.
2. Arte-terapia Psico-educacional ou Temática
Este tipo de intervenção pode ser individual, grupal ou familiar. O arte-terapeuta estabele um projecto de trabalho estruturado e temático de acordo com a população e os objectivos a atingir com a mesma. A sua função é directiva, facilitadora e participativa. Os objectivos são vastos, incluindo: Gerir conflitos, adquirir competências afectivas e de assertividade, gerir emocionalmente eventos traumáticos, aprofundar o auto-conhecimento, ganhar aptidões relacionais, entre outros. A orientação das estratégias de intervenção é próxima dos modelos cognitivo-comportamentais, de educação pela arte e psicopedagogia. A relação é focalizada no processo da criação.
Aplicações: Pacientes psicóticos, formação de arte-terapeutas, perturbações de comportamento, perturbações de aprendizagem, reclusos, sem-abrigos, perturbações de personalidade (obcessivo-compulsivos, anti-sociais, comportamento alimentar), perturbações de ansiedade e sexuais, casais, toxicodependentes.
3. Arte-Psicoterapia Integrativa
É um tipo de intervenção breve ou semi-breve, pode ser individual ou em grupo. A função do arte-psicoterapeuta é não directiva, facilitadora e interactiva. Os objectivos são a melhoria da adaptação do paciente ao meio envolvente e a mudança de padrões do comportamento interno, ou seja, o arte-psicoterapeuta é um facilitador para a compreensão do mundo interno do paciente que promove a catarse interna. O foco é a expressão.
Aplicações: Crianças e adolescentes, famílias e casais, perturbações da sexualidade, stress pós-traumático, vítimas de abusos, borderline, pacientes com self frágil.
4. Arte-Psicoterapia Analítica
Pode ser individual e grupal. O papel do arte-terapeuta é não-directivo e analítico, o foco da comunicação é mantido na análise da criação e na sua significação. É uma intervenção não-estruturada.
Aplicações: Arte-psicoterapia longa, pacientes com capacidades cognitivas e de insight, casais, crianças, pacientes psicóticos, bipolares (sem comprometimento grave das funções cognitivas), perturbações depressivas, neuroses, perturbações de personalidade – evitante e do grupo C.