Ao deambular pelas notícias nos diversos diários em linha ao nosso dispor, confronto-me o o beijo “gay” dado numa telenovela em voga de tempos idos.
E não é que fico com cara de asno ao fim da leitura do artigo ao saber que afinal os portugueses não gostam de ver beijo “gay”. Atrevo-me a transcrever o que foi dito por uma autora de uma novela – “(..) Apesar de os portugueses já estarem mais à vontade, acho que continuam a não querer ver. E mais. Para o público é pior ver dois homens do que duas mulheres.”
Dois homens ou duas mulheres?
Quando alguém cita – os portugueses – leva o destinatário da mensagem a pensar que são homens e mulheres ou até uma multidão de homens apenas com uma mulher. Afinal, o masculino é o vencedor quanto ao género: basta apenas um homem solitário para que o pronome – elas – se transformar em – eles.
A notícia é ambígua; o público – masculino ou feminino -? Pois, se o público for masculino é lógico que não goste de ver dois homens a beijarem-se. O machismo no seu melhor é bem visível. Quem é o público masculino másculo que goste de ver filmes pornográficos gays? É claro, sem margem de dúvidas, se o público for feminino é óbvio que não goste de ver duas mulheres a beijarem-se. O romantismo é quebrado com a imagem de duas belas moças numa cena onde veria estar a imagem masculina. Tudo isso não faz sentido! É assim que pensam algumas mentes tacanhas entulhadas de uma sujidade valorativa aflitiva.
Tabu: homossexualidade!
Diz-se por aí que a sociedade portuguesa está mais aberta, mais moderna, mais isto, mais aquilo. E quando se trata de ver, pois se fosse para falar, isso azedava, dois homens ou duas mulheres aos beijos, torna-se, quase, traumático. Aceita-se a homossexualidade da boca para fora, porque é politicamente correto acompanhar as correntes modernas de pensamento de liberdade sexual, contudo, há que limitar essa aceitação. Sou homem, não me importo ver duas mulheres aos beijos. Sou mulher, não me parece mal ver dois homens a beijarem-se. Afinal, o que é isto?
Fazer género, não é?
Finge-se ser apologista de liberdade sexual. Grita-se sim à homossexualidade. Para depois, quando aparece, um beijo arrebatador entre homens ou um beijo escaldante entre mulheres, já é extraordinariamente ordinário, vulgar, ínfimo, baixo. Quando é que a capa vai cair ao chão e ser-se honestamente transparente? Que mundo vamos dar aos nossos filhos quanto ao valor do amor?
– Meu filho, o amor só existe entre um homem e uma mulher, ouviste-me bem? Nada do que vês, ouves, lês é verdade! O mundo está louco, ouviste-me, meu rapaz?
Poderá existir uma conversa dessa entre pai ou mãe e o seu filho ou filha do século XXI? Tenho esperanças que não! Não o façam para bem dos vossos filhos!
“Sou como sou e não me importo e não me envergonho daquilo que sou porque tu e alguns como tu não me aceitam nesta sociedade tão corrompida com falsos valores e éticas demagógicas. Quero ser EU, tal como TU o podes ser. “
Francis, A. (2013). Sou como sou e não me importo. Lisboa: Bubok.
http://www.dn.pt/inicio/tv/interior.aspx?content_id=3519781– Acesso em 07 de novembro de 2013.
http://a-francis.webnode.pt/ – Acesso em 07 de novembro de 2013.