Porto de abrigo. Âncora.
É assim que defino, metaforicamente, o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.
A vivência do doente mental na sociedade é sinónimo, inequivocamente, de luta pela aceitação, compreensão e respeito pela vida humana, na sua diferença.
A vida surpreende-nos com desafios que nunca imaginávamos viver, e quando estes mesmos desafios ultrapassam os nossos limites emocionais, há que encontrar caminhos sólidos, competentes, que nos guiem para um porto de abrigo seguro, capaz de nos ancorar.
Porto de abrigo. Âncora.
Porto de abrigo porque, na sua imensidão de pavilhões, profissionais de saúde, técnicos, assistentes, auxiliares, o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa mostra um desvelo em cuidar, tratar e proteger o doente mental
Âncora porque, em situações – quase – terminais de vida, é no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa que se procura e encontra apoio, cuidado, atenção, orientação e partilha. Na doação de tempo que médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, assistentes, auxiliares e demais pessoal concedem ao doente mental, é o último reduto deste ser humano, é o único gesto de atenção e dedicação que o paciente recebe, periodicamente ou para toda uma vida.
A doença mental em Portugal ainda é estigma. Na irracionalidade e na ignorância de alguns, o doente mental é visto como um louco, um doido, maluco.
Constatar que no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa o doente mental é acarinhado, tratado como ser humano instituído de sentimento, dor, alegria, tristeza, sentido de vida, leva-nos a acreditar que se pode e deve trabalhar em uníssono para um bem comum.
Compete a cada um de nós olharmos e sentirmos a doença mental como uma vivência da sociedade moderna e actual. E, nos dias de hoje, cada vez mais acentuadamente.
Condenar o doente mental ao ostracismo é criar um paradigma negativo que em nada contribui para o tratamento das demências na sociedade. Esta é una e nós somos todos um. Cada ser com um sentido, um caminho, mas todos procurando propósitos de vida.
Caminhemos então para a edificação de uma sociedade única, igualitária, justa e capaz de incluir todo e qualquer ser humano, apelando para as suas totais integração, aceitação, compreensão e sempre num imensurável respeito.
A aqui referência ao Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, numa visão externa e independente, tem como fim mostrar de que temos em Portugal excelentes profissionais de saúde mental e quero acreditar que, na maioria das situações clínicas – algumas de uma delicadeza imensa -, o paciente é tratado com sensibilidade e profissionalismo que caracterizam todo o Pessoal do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.
Quem um dia, em entrevista a um jornal afirmou que a sociedade actual está a transformar-se num “imenso hospital psiquiátrico”, tem, a meu ver, toda a razão.
Mas então lutemos, cada um de nós e não somente alguns, para estancar esse percurso.