É possível que haja uma relação entre o herpes labial e a Alzheimer.
Esta é uma hipótese colocada por colegas médicos ingleses, que desafiam o rumo do estudo da doença degenerativa e abrem agora caminho para uma possível cura.
Enquanto dermatologistas, passamos a vida a dizer aos nossos pacientes que o vírus do herpes labial é na generalidade inofensivo, e que em apenas raras situações pode provocar danos neurológicos.
Mas será sempre assim? Descubra mais sobre a relação entre o herpes labial e a Alzheimer e outras patologias neurológicas.
Consequências neurológicas do herpes labial
A investigação feita em Manchester, concluiu que em 70% dos doentes afectados pela Alzheimer, foi encontrado nos seus cérebros partículas virais do Herpes, HSV-1.
As implicações neurológicas do herpes 1 são comuns e incluem a radiculopatia, a meningite, a encefalite e a mielite transversa.
Afinal, trata-se de um vírus neurotrópico.
Quer isto dizer que pode atacar o cérebro, provocando, por exemplo, encefalites – inflamações do cérebro.
Encefalite herpética
A encefalite herpética (EHS) é uma patologia grave, com um elevado índice de morbilidade e mortalidade quando não tratada precocemente.
A comunidade médica acredita que o paciente torna-se tanto mais susceptível a esta patologia, quanto mais exposto estiver a fatores traumáticos e geradores de stresse.
Esta encefalite esporádica é a mais frequente no mundo ocidental:
- Em crianças e adultos, 90% dos casos têm origem no herpes labial;
- Em recém-nascidos, a causa mais habitual é o herpes genital (herpes tipo 2).
Apesar de não estar ainda esclarecida a patogénese da encefalite herpética, há indícios de que a origem esteja na reativação da infecção latente pelo herpes Labial, no gânglio trigeminal, que por sua vez atinge o sistema nervoso central, atingindo o córtex frontal e temporal.
Sintomas da Encefalite
Os principais sintomas são cefaleias (dores de cabeça) muito intensas, febre, alterações motoras e sensoriais, confusão e défice de consciência.
Frequentemente, associam-se a alterações da personalidade, convulsões focais ou generalizadas, afasia e por vezes coma.
Meios de diagnóstico de evolução neurológica do herpes labial
Não há como prevenir a evolução do herpes labial para o sistema nervoso. Podemos apenas diagnosticar a patologia o mais precocemente possível para minimizar os danos.
Dentro dos exames de diagnóstico incluem-se:
- Exame citológico global e específico;
- Proteínorraquia e glicorraquia do líquido cefalorraquidiano;
- Electroencefalograma e ressonância magnética nuclear cerebral;
- Reacção de cadeia polimerase (PCR) no líquido cefalorraquidiano para vírus do herpes;
- Tomografia computadorizada cerebral;
- Eventual biópsia cerebral.
Morbidade do herpes associado a encefalite
Mesmo com a terapia anti-viral, à base de aciclovir e valaciclovir por via sanguínea, a encefalite herpética tem uma taxa de sequelas neurológicas muito elevada (acima dos 70%), podendo atingir uma taxa de mortalidade até 30%.
A descoberta de uma possível relação entre o herpes e a Alzheimer e outras doenças cerebrais degenerativas vem abrir caminho para a sua prevenção.
No futuro acreditamos que as pessoas poderão ser imunizadas contra o vírus do Herpes Labial.