Em Portugal, a obesidade atinge, pelo menos, 10% da população, aparecendo o nosso país nos piores lugares da tabela do excesso de peso e obesidade a nível mundial. Um estudo, publicado pela revista The Lancet, conclui mesmo que Portugal é o terceiro país da Europa ocidental com maior percentagem (27,1%) de raparigas obesas.
O estudo “Portugal: Alimentação Saudável em Números 2013” permite adiantar ainda que a obesidade atinge um milhão de portugueses adultos, sendo 15% deles crianças entre os 6 e os 9 anos de idade. Dados preocupantes que nos podem levar a concluir que a obesidade pode ser a nova doença do século que, muitas vezes, encontra apenas a solução na colocação de uma banda gástrica.
Qual a diferença entre excesso de peso e obesidade?
Ainda que os dois termos se confundam no dia-a-dia, a verdade é que são duas situações totalmente distintas, podendo dizer-se que o excesso de peso é o que antecede a situação de obesidade. Uma das formas mais conhecidas para avaliar e distinguir cada um dos termos é a tabela de cálculo do IMC (índice da massa corporal). O IMC é, então, conseguido através de um cálculo simples: a divisão dos quilos pela altura ao cubo (por ex.: 60kg/1,672).
Encontrado o resultado, é enquadrá-lo na tabela do IMC que diz que:
- abaixo de 18,5: abaixo do peso normal
- entre 18,5 e 24,9: peso normal
- entre 25,0 e 29,9: excesso de peso
- entre 30,0 e 34,9: obesidade grau I
- entre 35,0 e 39,9: obesidade grau II
- mais de 40,0 (inclusive): obesidade grau III.
Todos necessitamos de gordura corporal extra no nosso corpo, que serve como reserva de energia e como isolamento térmico – mas quando a gordura passa os limites considerados normais (e saudáveis), pode comprometer não só a nossa imagem, como principalmente a nossa saúde. Daí que seja urgente, ao entrar numa situação de excesso de peso, procurar soluções que o combatam e evitem a entrada em efetiva obesidade – que, como já vimos, muitas vezes só é possível de resolver através de soluções mais invasivas, como a colocação de uma banda gástrica.
É ainda importante ter especial atenção às crianças, já que diversos estudos confirmam que a obesidade é normalmente “fermentada” no excesso de peso que não se contraria logo na primeira infância – e que, obviamente, mais ganhando contornos agravados e mais preocupantes com a entrada na adolescência e, depois, na idade adulta.
Que consequências pode ter a obesidade?
Uma das primeiras consequências da obesidade, tal como do excesso de peso, reflete-se imediatamente a nível psicoemocional: a maioria das pessoas, não se sentindo confortável no seu corpo, acaba por desenvolver fragilidades ao nível da autoconfiança e da autosegurança. Daqui, acontece muitas vezes o surgimento de consequências mais severas: como depressões e até fobias sociais, que levam a situações de total reclusão.
No entanto, e para além das complicações a nível psicológico, a obesidade tem consequências muito graves também (ou sobretudo) a nível físico, podendo provocar:
- diabetes tipo 2
- risco de desenvolvimento de doenças cardíacas
- hipertensão arterial
- acidente vascular cerebral (AVC)
- insuficiência renal
- aumento dos triglicerídeos e do colesterol;
- desenvolvimento ou agravamento de varizes;
- risco de desenvolvimento de diversos tipos de cancro (da próstata e da mama, entre outros).
É ainda normal que, nos casos de obesidade, se verifique desgaste precoce das articulações – o que, para além de provocar dores agressivas na coluna, nos joelhos e nas pernas, pode levar a uma incapacidade total para fazer movimentos ou até andar. Não são raros os casos de pessoas que, entrando no registo que denominamos familiarmente de “obesidade mórbida”, ficam acamadas, sem qualquer mobilidade ou independência locomotora.
A prevenção do “simples” excesso de peso é, assim, o melhor tratamento para a obesidade, sendo essencial que se procure profissionais competentes que possam diagnosticar, acompanhar e tratar cada caso de forma personalizada, respeitando as necessidades do corpo e as exigências da saúde.