A cada dia que passa todos envelhecemos. O envelhecimento é transversal a todos os seres vivos. Enquanto somos
jovens pouco pensamos neste processo, mesmo sendo ele uma constante. A maturidade que advém com ele é algo que nos atrai e, talvez por isso, lidemos com ele de uma forma tão subtil.
Contudo, no decorrer do ciclo biológico ocorre um declínio previsível das funções do organismo. O processo de envelhecimento nota-se especialmente no sistema nervoso, acabando assim por atingir todos os outros sistemas.
Aspectos físicos do envelhecimento
A nível físico, vou aqui referir apenas os principais sinais neurológicos de envelhecimento:
- Problemas visuais
- Reflexos lentos
- Aumento da tendência à vertigem
- Redução do olfacto
- Diminuição da agilidade de movimentos e de equilíbrio
- Redução da força muscular
- Alterações de postura e marcha
Aspectos psicológicos do envelhecimento
A nível psicológico existem alguns aspectos mais comuns, que passo a indicar:
- Tendência a ser auto-centrado, rígido, conservador e excessivamente crítico, ou o oposto – muito flexível, vacilante e sem opinião.
- Acentuação do esquecimento de nomes, factos e eventos
- Redução da facilidade de usar as palavras para exprimir sentimentos e/ou emoções
- Ficar preso a momentos do passado
- Medo da morte
- Aumento da sensação de solidão e abandono
- Integração das aprendizagem que se adquiriram ao longo da vida – este aspecto pode nem sempre ser de fácil resolução dependendo da experiência de vida do individuo
- Gestão de perdas (amigos, companheiros, familiares)
- Dificuldade em lidar com as questões de perda de funcionalidade e saúde
Contexto institucional
Ao longo do meu percurso profissional passei por algumas Instituições que acolhem idosos, tanto a trabalhar directamente com eles como a dar formação aos auxiliares que os acompanham diariamente. E neste contexto, deparei-me muitas vezes com a falta de entendimento para com o processo de envelhecimento. E não estou com isto a criticar o trabalho realizado, simplesmente a detectar uma falha. Falha esta que a formação contínua tenta combater e, na verdade, penso que consegue pois cria espaços de reflexão conduzida, essenciais à evolução de qualquer pessoa que trabalhe nesta área.
O que acontece é que, muitas vezes, estes aspectos não são tidos em conta, normalmente por falta de conhecimento desta problemática. Não se compreende como é possível que aquele idoso, que é ainda tão independente, deixe cair o copo, quando ainda tinha tempo para o agarrar. Mas quando as pessoas adquirem conhecimentos sobre o processo de envelhecimento, têm uma tendência natural para alterar o seu comportamento, demonstrando uma maior capacidade de compreensão face a estas situações quotidianas.
A compreensão e a paciência são ingredientes fundamentais para lidar com os idosos e até, connosco próprios, com o nosso processo de envelhecimento pessoal. Perder capacidades é algo que nos assusta e que, quando inicia, nos deixa desmotivados. É necessário estar consciente das alterações que podem ocorrer e não entrar em negação, mas sim aceitar o ciclo da vida. Podemos ser jovens toda a vida, mas não podemos travar o processo de envelhecimento do nosso corpo.